A declaração forte de Robinson Faria, porém, não significa que ele
defenda uma intervenção federal no Rio Grande do Norte. "Não sei a
validade legal disso. Contudo, acredito que uma medida como essa é uma
transferência de responsabilidade. Um Governo Estadual tem obrigação de
gerir a Saúde Pública em seu Estado. E mais: A Saúde Pública é uma das
principais obrigações de uma administração, uma de suas principais
responsabilidades, assim como Educação e Segurança", ponderou Robinson
Faria.
Para o vice-governador, inclusive, a Saúde Pública é uma
responsabilidade que todas as gestões estaduais, apesar da condição da
rede hospitalar no Rio Grande do Norte ser uma referência negativa
nacional. "Infelizmente, nosso estado é o pior do Brasil no que diz
respeito a Saúde Pública e quem diz isso são os médicos. Faltam
estrutura, profissionais, medicamentos. Tudo! E essa situação fica ainda
mais feia por se tratar da gestão de uma médica. Como os outros estados
conseguem administrar a Saúde Pública e o RN, gerido por uma médica,
não consegue?", questionou.
Contribuindo para a campanha de vários candidatos do PSD no interior do
Estado, Robinson Faria revelou também que se a situação da Rede Pública
Hospitalar em Natal é grave, no interior do Estado é igualmente difícil
ou "ainda pior". "Os hospitais do interior do Estado estão iguais ou
pior que os de Natal. Falta tudo lá também. O de Pau dos Ferros, por
exemplo, a situação é tão grave quanto o Walfredo Gurgel (em Natal).
Isso, por sinal, contribui para o caos na capital. Porque o Governo não
investe o suficiente nos hospitais regionais, consequentemente, as
pessoas continuando recorrendo apenas ao Walfredo Gurgel, mantendo o
Hospital superlotado".
Com uma afirmação como essa, o vice-governador termina por
descaracterizar o discurso da governadora Rosalba Ciarlini, que no
início da semana culpou a Prefeitura de Natal pela superlotação no
Walfredo Gurgel. Para a gestora estadual, o aumento considerável de
pacientes nos corredores esperando atendimento era consequência da
paralisação no atendimento na Capital.
RECURSOS
Como observador do Governo do Estado desde o início da gestão Rosalba
Ciarlini, Robinson Faria afirmou também que o problema da Saúde Pública
no Estado é consequência da falta de prioridade da gestão DEM. "A prova
de que a Saúde não é prioridade está no relatório do Tribunal de Contas
do Estado (TCE), que apontou que o Governo gastou mais com publicidade
do que com investimento na Saúde", comparou Robinson Faria, ressaltando
que mesmo o gasto total com saúde da administração Rosalba (somando a
verba para investimento e custeio) não foi suficiente.
"Está claro que não foi suficiente. A gestão estadual deve a todo
mundo. Não tem dinheiro para comprar material de limpeza para os
hospitais, que é o mais básico possível", denunciou Robinson Faria.
Realmente, faltam recursos para o custeio. Em análise das contas
públicas disponíveis no Portal da Transparência, do Governo do Estado, é
possível constatar que os "restos a pagar" da Secretaria de Saúde
Pública (Sesap) representam a maior quantia das unidades gestoras
estaduais. São mais de R$ 63,7 milhões que a Sesap deve a fornecedores,
conveniados e servidores.
Por isso, segundo o vice-governador, para resolver o problema da Saúde
Pública, seria preciso duas ações imediatas (que nada tem a ver com
intervenção federal): repensar toda a política trabalhada para gerir a
saúde pública atualmente e aumentar a verba para investimento e custeio,
"porque elas claramente não estão sendo suficientes".
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